Quem já conhece o Portal Gasolina há mais tempo sabe que esse site é o amálgama de todas as nossas ações e, por isso, o projeto tem o nome de Portal Gasolina, porque é um portal, propriamente dito, que reúne uma revista digital, um canal de YouTube, Perfis em Redes Sociais e, logo mais, um super classificado de motos bacanas (aguardem!).
E é justamente do canal de YouTube que vamos falar hoje, especialmente das inúmeras tentativas em fazer um melhor material audiovisual possível, dentro das limitações de orçamento da equipe nesse projeto que ainda é jovem. Logo mais teremos orçamento para produções mais caprichadas, mas já descobrimos uma boa solução de gravação de áudio e vídeo quando estamos nos deslocando, de carro ou de moto, e resolvemos deixar aqui as dicas que aprendemos errando, justamente para você que quer montar um «motovlog» no YouTube.
Primeira coisa que é preciso ter em mente é que um canal do YouTube é feito para produções audiovisuais, sejam elas captadas em um celular e jogadas ao ar bem cruas, ou com aparatos de câmeras e microfones e softwares de edição. E, como a palavra diz, a preocupação com o áudio vem antes da preocupação com o visual, isso porque se seu vídeo tem uma qualidade razoável, mas o áudio é excelente, ele já passou no teste. Agora, não adianta eu filmar em 8K, mas captar o áudio de forma toda zoada. Ninguém vai conseguir assistir ao vídeo por muito tempo.
Nós já experimentamos diversos setups de áudio e vídeo e agora, no finalzinho de 2020, acreditamos ter chegado em um mínimo necessário para a coisa ficar bacana. Então, vamos lá!
Áudio
A primeira dificuldade que tivemos quando começamos a fazer um canal do YouTube (Lembrando que o canal não era o projeto principal. Sempre foi o site, escrito e fotografado) foi na captação do áudio. Em locais fechados e com pouco ruído, a coisa até que era contornável com os próprios microfones das câmeras, especialmente das GoPro Hero 7, ou através do gravador de um iPhone. Mas, e nos deslocamentos?
O maior problema era na moto, pois o carro com janelas fechadas cria um ambiente de áudio razoável. A solução foi adquirir um adaptador de microfone para a GoPro e colocar um microfone de lapela dentro do capacete. Mas, nem tudo é tão simples! Mesmo com o uso de dissipadores de ruídos no microfone, o famoso deadcat, todo ruído ouvido pelo piloto também era captado pelo microfone e, então, descobrimos que o capacete também faz parte dos equipamentos de áudio. Com isso, eu tive que abandonar meu estiloso Lucca Custom Magnum V2 e ir em busca de capacetes mais vedados, como já mencionei aqui no site antes. A escolha recaiu sobre dois modelos: um espanhol da MT Helmets e um capacete articulável da própria Harley Davidson (esse é o mais silencioso de todos e ainda não aperta a bochecha, modificando a dicção).
Agora, se você não tem como captar bem sua voz durante os deslocamentos, preocupe-se em gravar boas imagens e capte sua voz utilizando o recurso de «voice-over» na edição. Em casa, num ambiente mais silencioso, grave sua voz que será colocada sobre o vídeo. Só não finja que está gravando enquanto pilota, porque dá pra perceber quando é voice-over.
Depois de resolvido o problema da voz, descobrimos que faltava um elemento de áudio. Aliás, você já reparou quantas faixas de áudio compõem uma filmagem? Tem a voz dos atores, a trilha sonora e áudios incidentais, e tem a faixa dos ruídos do ambiente! Em uma gravação de moto, o bendito do ronco do motor tem que fazer parte, senão, metade da emoção se perde. Essa dica foi solucionada pelo Rob Hamilton do canal Moto Feelz. Ele simplesmente coloca um bom gravador de áudio numa mochila, numa posição que consegue captar todo o som do motor. É o que fizemos, com um Zoom H5 (por sinal, o mesmo que ele usa).
Em deslocamentos de carro, usamos o mesmo Zoom H5 com microfones de lapela usados pelos ocupantes do veículo, mas, mesmo assim, as janelas do bólido precisam estar fechadas e, como gravamos em carros antigos, sem ar condicionado, às vezes, isso acaba se tornando um suplício, mas é o que temos pra hoje. Por sinal, eu descobri que o vento é o pior inimigo da captação de áudio.
Quando a filmagem é «a pé», utilizamos para captar o áudio o mesmo Zoom H5 com os microfones de lapela ou, no caso de uma entrevista, utilizamos o próprio microfone embutido do Zoom ou plugamos um microfone Sure SM58, bem no estilo repórter (só falta o cubinho com o logo do Portal!)
Visual
No quesito captação de vídeo, as GoPro realmente vieram para ficar e elas são incríveis, justamente por seu tamanho e peso. Se não fossem elas, seria inviável a produção de um motovlog hoje em dia, ou estaríamos igual àquela famigerada foto do Mr. Steve McQueen com uma GoPro «de época» amarrada com fita adesiva no capacete.
Dentro dos carros também usamos as GoPro fixadas com ventosas no pára-brisas ou nas janelas, dependendo da intenção. E, já nas filmagens «a pé», geralmente usamos uma GoPro presa em um gimbal ou as DSLR (Canon 5D Mark II ou T6i).
Mas, o equipamento não é mágico e uma das coisas difíceis de equalizar nos tipos de filmagens que fazemos é a luz. Desde que Daguerre inventou o daguerreótipo, a luz é o principal elemento da imagem, seja fotográfica ou videográfica, que têm basicamente o mesmo processo. Aí não tem mistério, quanto mais luz, mais qualidade na imagem, mesmo nas GoPro. Porque, se você aumenta o ISO de sua câmera, ou permite a GoPro ajustá-lo automaticamente de acordo com a luz, vai aparecer ruído na imagem e ela perde a definição. A regra do mundo digital é: quanto maior o ISO, maior o ruído. Dessa maneira, a dica que posso deixar é: use toda a luz que for possível!
Esse ano ainda irá chegar para nós uma câmera Insta 360, que é muito semelhante à GoPro Max e o que ela faz é captar o vídeo através de duas objetivas, gerando uma imagem de quase 360º, que pode ser editada de inúmeras maneiras. Você já deve ter visto essas filmagens que parecem que foram feitas por um drone acompanhando a pessoa, geralmente na prática de esportes radicais. O legal dessas câmeras é que ela não filma a haste que a prende, dando uma aparência menos artificial às filmagens. Em breve, também teremos esse recurso. A Insta360 também possui adaptador para acoplar microfone externo.
Conclusão
Uma coisa que é preciso mencionar antes de terminar o texto é que equipamento ocupa espaço. À medida que você for profissionalizando seus vídeos, certamente terá que carregar mais equipamentos consigo. Sejam microfones, gravadores de áudio, câmeras e mais uma tonelada de baterias e pilhas para alimentar o apetite voraz de energia dos equipamentos. E é isso que faz com que muitos motovlogers acabem por fazer a captação trivial, o que também não quer dizer que sejam ruins, pois uma coisa importante em tudo isso é o conteúdo.
De que vale captar o melhor áudio e filmar com as melhores câmeras, utilizar os melhore softwares de edição se o conteúdo não presta?!
Portanto, se você está querendo criar um motovlog ou só fazer umas boas captações de imagem pilotando seus veículos, sejam carros ou motos, espero que essas dicas sejam úteis. Na verdade, o equipamento não é muito importante (claro que, se você tiver um orçamento bacana, um melhor equipamento vai te dar mais possibilidade), mas o que é importante é o conceito: audiovisual.
Lembre-se sempre que o áudio de uma produção tem várias camadas (voz, ambiente, trilha sonora...) e o vídeo precisa ter luz. Tendo isso em mente e sabendo que não existe equipamento milagroso, caia na estrada e filme tudo. Depois você edita e pega o que ficou melhor.
Para quem ainda não tem equipamento e pretende adquirir algo para começar seu motovlog, recomendo imensamente que invista numa Insta360 ou na GoPro Max antes de comprar uma GoPro comum. As opções de captação de vídeo dessas câmeras faz com que pareça que você tenha umas 10 câmeras e um drone te filmando, e o preço é bem semelhante à GoPro Hero.
E, por fim, quando estiver pilotando, não se preocupe com as filmagens, mas com a pilotagem, porque você precisa voltar inteiro para casa.
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