Esta semana, a buzina caracol que veio instalada em minha Harley Davidson Street Glide 2012 simplesmente parou de funcionar sem nenhum motivo aparente. Sem nenhuma chuva, nenhuma entrada de água por conta de limpeza, nem uma aranha que tenha invadido o local para tecer sua teia… Simplesmente ela se cansou de buzinar.
Recordei-me, então, de uma Fat Boy que um falecido e saudoso amigo adquiriu usada há alguns anos, que estava muito bem cuidada e não era tão antiga, com menos de 15 mil quilômetros rodados e cuja buzina, porém, estava rouca, mais rouca que aquela tia-avó de 80 anos que fumou três maços de Marlboro por dia desde os seus 16.
Como eu já estava me dirigindo ao Toca Meeting Big Crazy, uma garage sale produzida por meu amigo Cassiandro, mais conhecido como Lokão, na praça em frente a seu comércio de assados, defumados e cerveja artesanal Rústica do Vale, resolvi já buscar uma buzina para substituir a defeituosa que estava em minha moto.
Encontrado o produto na banca de nosso amigo Andrini Custom, fizemos a manobra mecânica no próprio local e já testamos a nova buzina que ressoou como devia, tal e qual a buzina caracol que era o emblema sonoro do velho Passat TS verde catarro (Ups! Luiz Gustavo Cabett me alertou que a cor é "verde pampa") que meu pai dirigia e cujo sonido servia para eu frear qualquer aventura amorosa ou não que estivesse tendo aos 14 ou 15 anos na praça central de minha cidade natal.
Mal sabia eu que aquele VW Passat TS seria meu primeiro veículo dois anos depois, logo que obtivesse a CNH, já que meu pai resolvera ter um chofer particular, ou seja, este que vos escreve.
Voltando ao buzinaço
Enfim, depois da pausa nostálgica, voltemos para o assunto das buzinas das Harley Davidson. A verdade é que eu não me dei por satisfeito em simplesmente trocar a buzina, mas comecei a pesquisar os motivos de tal aparato simplesmente começar a falhar em muitas motos, algumas bem novas, inclusive.
Lá mesmo, no Toca Meeting, um grande amigo, o André, proprietário de uma Fat Boy com motor 110 toda estilosa, relatou o mesmo problema com a buzina que, no caso dele, não faz nenhuma diferença dado o volume sonoro de seu escapamento.
Meu "parça" no Portal Gasolina, Luiz Gustavo, também me confessou que teve uma Sportster 883 Gun Metal por dois anos, vendendo-a em outubro de 2005 com a buzina trocada, no entanto, sua Softail 2000 ainda possui buzina original funcionando 100%.
Por que elas falham?
Então, qual o mistério de umas irem pro brejo e outras não? Buscando solucionar o caso, até mesmo para deixar relatado aqui no site como uma dica para que outros proprietários de motocicletas tentem manter suas cornetas funcionando, fui buscar na gringolândia para ver se alguém já tinha se debruçado sobre isso.
No grupo de discussão fórum hdtimeline.com, um usuário qualificado como experiente pelo blog, de alcunha NEWHD74FAN, fez o seguinte comentário sobre o caso das buzinas caladas:
«Um problema comum é a queima do fusível ou a buzina ser sensível à temperatura, já que ela é simplesmente um eletroímã com um interruptor metálico que liga e desliga rapidamente o campo magnético fazendo zumbir um diafragma metálico».
Isso é uma grande verdade, as buzinas de motocicleta não mudam sua estrutura básica há muitos anos. Algumas, como no caso das Harleys Maiores, vêm acrescentadas de uma corneta em forma de caracol, que faz o volume aumentar e confere um timbre mais grave, mas o sistema é basicamente o mesmo.
Então, dada a simplicidade do projeto, os motivos para sua falha podem ser diversos, como temperatura, poeira, humidade… enfim… tudo o que possa interferir nas entranhas do mecanismo.
Buzinas podem ser reparadas
Contudo, o que eu descobri é que a buzina pode ser reparada, segundo o conceituado site Revzilla. Segundo um artigo publicado no site, a maioria das pessoas simplesmente joga fora suas buzinas quebradas e compra novas e não há nada de errado com isso, em virtude do preço de uma buzina nova (nos EUA, porque aqui não é tão barato assim) Mas, às vezes, só um pequeno ajuste é necessário e «desmontar coisas para aprender como funcionam é divertido».
«Ajustar uma buzina de motocicleta não poderia ser mais fácil. Encontre o parafuso de ajuste (ou porca), geralmente na parte de trás da buzina ou no centro do diafragma. Isso ajusta a distância entre os pontos de contato internos, que podem ser interrompidos por sujeira, corrosão ou desgaste ao longo do tempo. Conecte a buzina à uma bateria carregada e ajuste a folga até que ela emita o som normalmente».
«Se a buzina ainda não funcionar, é hora de desmontar. Procure parafusos, rebites ou um anel de aço dobrado ao redor da borda externa e, em seguida, desparafuse, perfure ou separe as peças. Não se esqueça da orientação de cada componente. E não dobre o diafragma! Limpe cuidadosamente a parte interna e verifique se há oxidação nesses pontos de contato. Escove levemente os contatos com uma lixa, se necessário, depois remonte e teste».
Essas são as dicas de manutenção do site Revzilla, mas se, depois disso, sua buzina continuar zoada, é hora de trocá-la mesmo e, para desespero dos puristas e alegria de quem está com bolso curto, você pode adaptar qualquer buzina veicular em sua moto, até mesmo modelos mais fortes e mais baratos que os originais.
Sendo assim, fui eu – mesmo após ter substituído a buzina de minha moto – tentar reparar aquela que me acompanhou pelos últimos 70 mil quilômetros sendo útil quando necessária até que resolveu se calar, e qual não foi minha surpresa ao ver que a buzina original da HD é colada e só tem o famoso parafuso de ajuste.
Então, ela vai ficar muda mesmo e ganhar um lugar de destaque na prateleira de troféus, junto ao escudo de tanque arranhado de minha velha Dyna e da pedaleira gasta da minha primeira 883.
Mas, já que você chegou até aqui, não perca a viagem e assista agora o nosso vídeo com a aventura do Portal Gasolina no primeiro Toca Meeting Big Crazy e a troca da buzina muda da Black Betty:
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